quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Como ser Mulher, de Caitlin Moran

Como Ser MulherAutora: Caitlin Moran
Título original: How to be a Woman
Editora: Paralela
É bom?: ★★★ 4.5
Páginas: 240
Sinopse: Nesta obra de humor e militância, a jornalista Caitlin Moran rememora suas experiências mais marcantes como mulher, da adolescência à maturidade, e busca abrir um novo caminho para o feminismo ao tratar de temas caros à mulher moderna. A partir de um péssimo aniversário de treze anos, ela fala sobre adolescência, trabalho, machismo, relacionamentos, amor, sexo, peso, maternidade, aborto, moda, compras e modelos de comportamento, sempre com um olhar crítico e muito humor. Nesta mistura de livro de memórias e manifesto feminista, as mulheres podem reconhecer coisas que fizeram, pensaram e disseram.


Como Ser Mulher é um livro medianamente famoso, que ganhou certa notoriedade após ser incluído pela Emma Watson no clube do livro dela, Our Shared Shelf. Nossa eterna Hermione sempre inclui livros de temática feminista no seu clube do livro, e eu fiquei muito surpresa ao ver tantas resenhas negativas no skoob sobre esta obra. Será que as brasileiras não se identificam com o feminismo lá de fora? Durante minha leitura eu entendi por que muitas brasileiras poderiam não gostar do livro.

O livro é um mix de autobiografia com ensaios sobre feminismo. A autora, a jornalista britânica Caitlin Moran, conta várias anedotas de sua vida particular, desde sua infância até o presente (ou, pelo menos, o presente de quando o livro foi publicado). Cada capítulo é focado em falar em um assunto que tange a vida das mulheres (cis): ela fala sobre menstruação, gravidez, padrões de beleza, aborto, enfim, vários assuntos que, queiramos ou não, fazem parte das nossas vidas e são tidos como tabus, apesar de serem totalmente naturais.

Resultado de imagem para how to be a woman

Eu entendo por que muita gente não se conectou com o livro: a autora fala de sua experiência de mulher branca e cis, que raramente se aplica à vida de mulheres trans e negras/asiáticas/indígenas no Brasil. A autora também foca muito em sua heteronormatividade, e as leitoras LGBT+ possivelmente não se identificariam com grande parte do livro, no qual ela fala de sexo (entre homens e mulheres), maternidade, gravidez indesejada e métodos contraceptivos. Entendo a falta de conexão que muitas leitoras podem sentir, e que eu mesma senti em alguns momentos, mas acho que, se o livro é narrado pela perspectiva de vida e das experiências de uma autora branca, cis, hetero e afins, é disso que ela obviamente vai saber falar com propriedade. Não acho que ela saberia falar sobre como é ser uma mulher trans, ou negra, ou lésbica, ou todas as anteriores. Não é o lugar dela de fala.

Dito isso, eu quero ressaltar que realmente gostei do livro. A autora é extremamente divertida, não tem medo de falar mal de outras mulheres (se homens falam mal de outros homens, por que mulheres não podem fazer o mesmo?), fala honestamente sobre suas escolhas de cuidados corporais (porque as mulheres tem que gastar tanto tempo em dinheiro com depilação, quando pelos são algo completamente normal?), fala sobre o aborto que realizou (por que é tão preocupante que mulheres conheçam suas condições emocionais e financeiras e saibam que não querem ter um filho, interrompendo uma gravidez?), e fala até mesmo de relacionamentos abusivos... e relacionamentos no geral (por que é esperado que mulheres se casem e tenham filhos, mas homens não? Com quem as mulheres devem se casar e ter filhos, então???).

Resultado de imagem para how to be a woman Resultado de imagem para how to be a woman Resultado de imagem para how to be a woman
Eu gosto da capa brasileira, mas as capas com a autora são bem mais legais.

O mais importante desse livro, na minha opinião, é que a autora não é nem um pouco politicamente correta. Isso mesmo. Vejo muita gente que não sabe nada sobre o feminismo dizer que hoje tudo tem que ser politicamente correto, ou as feminazis e a ditatura gay vão reclamar. A autora é polêmica, toca em assuntos que são frágeis mesmo dentro da comunidade feminista (como, por exemplo, a opinião dela sobre "gordofobia"), e o livro se beneficiou muito disso. Ela jamais fala de um assunto de forma ofensiva, mas não apoia aquilo que acha errado simplesmente para manter as aparências. 

Não vou dizer que concordo com absolutamente tudo o que a autora falou em seu livro, mas respeito sua honestidade e almejo ter tanta claridade nas minhas crenças quanto ela.

Recomendo este livros para as mulheres que já são feministas esclarecidas. Recomendo este livro para as mulheres que não conhecem absolutamente nada sobre o feminismo. Recomendo este livro para homens que desejem ler um relato honesto de como é ser mulher, tendo em mente que nem todas as mulheres são assim.

Por último, este livro de forma alguma é um manual, pelo simples fato de que não há jeito certo, ou jeito único, de ser mulher. 

Abaixo vou deixar um vídeo no qual a Emma Watson entrevista a Caitlin Moran para seu clube do livro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá, ser (in)humano! Tudo bão?
Então, seje feliz e comente o que quiser! Só não vale ser preconceituoso, postar conteúdo indevido ou me encher de spam (eu tenho lotes para capinar, sabia?).
Caso tenha alguma pergunta sobre o post, pode comentar que eu responderei dentro de 24 horas. Mas, se quiser, pode me mandar um e-mail! Meu endereço é: nlbrustolin@hotmail.com
Divirta-se =D