domingo, 2 de julho de 2017

Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie

Americanah Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Título Original: Americanah

Editora: Companhia das Letras
É bom?: ★★★ 
Páginas: 516

Sinopse: 
Lagos, anos 1990. Enquanto Ifemelu e Obinze vivem o idílio do primeiro amor, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados Unidos. Ao mesmo tempo que se destaca no meio acadêmico, ela se depara pela primeira vez com a questão racial e com as agruras da vida de imigrante, mulher e negra. Quinze anos mais tarde, Ifemelu é uma blogueira aclamada nos Estados Unidos, mas o tempo e o sucesso não atenuaram o apego à sua terra natal, tampouco anularam sua ligação com Obinze. Quando ela volta para a Nigéria, terá de encontrar seu lugar num país muito diferente do que deixou e na vida de seu companheiro de adolescência. Chimamanda Ngozi Adichie parte de uma história de amor para debater questões prementes e universais como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero.


Terminei de ler Americanah essa semana, e não consigo parar de pensar nesse livro. Fiquei me perguntando se deveria ou não escrever uma resenha sobre ele, pois eu não tenho as mesmas vivências da autora e/ou das personagens desse livro. Mas penso que minha perspectiva de Amiga Branca que Entende (como a própria autora coloca) pode ser, no mínimo, uma curiosidade para quem quer ler o livro. Em determinado capítulo a protagonista fala, em um dos textos de seu blog, sobre os amigos brancos que entendem a situação dos negros e querem ajudá-los, emprestando suas vozes para calar os racistas, mas não para falar no lugar dos negros. Tentarei fazer isso.

Americanah conta a história de amor de Ifemelu e Obinze. O livro começa quando Ifemelu, depois de mais de uma década morando nos EUA, se cansa de sua profissão, de seu blog sobre justiça social e do namorado negro americano, Blaine, e decide voltar para a Nigéria, seu país natal. Ela vai ao cabeleireiro para trançar o cabelo e, a partir desse momento, reflete sobre toda a sua vida, desde quando era criança e adolescente morando em Lagos, capital da Nigéria, até quando se mudou para os EUA e procurava emprego, até tempos mais recentes. 


"Algo para se pensar quando a democracia está sendo testada é que,
quando algo é posto a prova, geralmente se torna mais forte".
Em suas memórias Ifemelu fala dos vários namorados que já teve, sobre sua descoberta do racismo na América, sobre os problemas e peculiaridades de sua família, e fala também sobre feminismo intersessional (aquele que dá foco em mulheres de todas as etnias, não só da branca, como infelizmente é comum de acontecer). É interessante ver o crescimento de Ifemelu como pessoa, é espetacular ver como ela descobre que é negra, e que, nos Estados Unidos, ser negro é algo ruim. No final de vários dos capítulos a autora coloca um post do blog pessoal de Ifemelu, no qual ela fala de várias facetas do racismo, algumas sobre as quais nós, brancos, às vezes não pensamos.

Além das memórias de Ifemelu, conhecemos também o passado de Obinze. Ele ganha menos foco, por não ser o protagonista, mas seus capítulos são interessantes, principalmente por ele não sofrer de machismo, como Ifemelu sofre, e por ver o racismo na Inglaterra, e não nos EUA.

"O racismo nunca deveria ter acontecido, então você não ganha
um biscoito por reduzi-lo".
Apesar de Ifemelu e Obinze serem as personagens principais da trama, há dezenas de outras personagens muito interessantes nesse romance, e todas são extremamente redondas e bem construídas, com vozes únicas. Acho primoroso quando um autor torna mesmo o personagem mais insignificante em alguém interessante de ler sobre.

Um aspecto interessante da obra foi a autora tratar a pele negra como a padrão, e explicar quando um personagem era branco. Explico: é muito comum, já reparei, que um autor branco descreva suas personagens brancas de várias formas diferentes, exceto pela cor da pele, mas que descreva as personagens negras simplesmente como negras. A autora faz literalmente o contrário, e achei isso genial.

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Os outros livros da autora, que eu eu definitivamente quero ler.

Além de personagens bem escritas, a narrativa da autora é espetacular. Confesso que com frequência me vejo pulando parágrafos desnecessários quando leio livros, mesmo livros que eu gosto, mas não pulei uma linha desse livro, que tem mais de 500 páginas, pois ele me prendeu de forma avassaladora. Talvez por isso eu tenha demorado um mês inteiro para ler... (por e-book!).

Por último, mas definitivamente não menos importante, amei conhecer uma voz tão diferenciada quanto a da Chimamanda. Creio que, fora este livro, o único livro de autor africano que eu li foi um livro de um autor da Angola. Amei conhecer mais sobre a Nigéria e sobre a vida de quem mora em Lagos, e absolutamente adorei essa perspectiva de uma imigrante africana nos Estados Unidos. Foi um livro excelente, e eu definitivamente irei ler outros livros da autora.

Vou deixar um vídeo maroto da autora falando do movimento Black Lives Matter.

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