terça-feira, 24 de maio de 2016

Jovens de Elite, de Marie Lu


Jovens de EliteAutora: Marie Lu
Título original: The Young Elites
Editora: Rocco
É bom?: ★★★
Páginas: 304
Sinopse: Bestseller do The New York Times com excelente repercussão entre público e crítica, Jovens de Elite é o primeiro de uma série de fantasia ambientada na era medieval e protagonizada por jovens que desenvolvem estranhas cicatrizes e poderes especiais ao sobreviverem a uma febre que dizimou boa parte da humanidade. Entre eles está Adelina, que, após se rebelar contra o destino imposto a ela por seu pai, encontra um novo lar na sociedade secreta Jovens de Elite, vista por alguns como um grupo de heróis, por outros como seres com poderes demoníacos. Heroína ou vilã? Num mundo perigoso no qual magia e política se chocam, Adelina descobre o lado sombrio de seu coração. Da mesma autora da aclamada trilogia Legend, Marie Lu, Jovens de Elite é o início de uma saga arrebatadora. Perfeita para fãs de histórias de fantasia medieval como Game of Thrones, com vilões dignos de Star Wars e X-Men.

A primeira coisa que eu fiz quando terminei de ler Jovens de Elite foi ficar sentada por uns cinco minutos pensando qual nota o livro merecia no skoob. Fiquei entre quatro e três estrelas, mas acabei dando três. Vou explicar o motivo:

Jovens de Elite conta a história de Adelina Amouteru, uma garota que ficou doente quando criança. Não foi uma doença comum, mas sim a Febre de Sangue, que deixou marcas misteriosas e cicatrizes horrendas naqueles que contraíram a doença. Essas pessoas defeituosas são chamadas de malffetos. A doença também fez com que algumas crianças despertassem habilidades sobrenaturais. Todos os adultos que contraíram a doença morreram, inclusive a mãe de Adelina. Adelina vive com um pai abusivo e sua irmã, Violetta.

Acontece que os habitantes de Kenettra (lugar onde Adelina mora) são aterrorizados pela Inquisição, que diz que os malffetos são erros terríveis da natureza, que trazem azar à nação e que todos aqueles com habilidades sobrenaturais devem morrer. Aqueles que tem habilidades são chamados de Jovens de Elite, são temidos por todos e são vistos como muito perigosos.

Você não é uma abominação. Não é um mero malfetto.
É por isso que eles temem você.
Os deuses nos deram poderes, Adelina. Por que nascemos para governar.
Adelina nunca pensou que tivesse algum tipo de habilidade, pensava que era apenas uma menina que da doença apenas ganhou uma cicatriz terrível no rosto e cabelos brancos. O pai de Adelina sempre odiou a menina, tanto pela morte da mãe quanto por ela ter se tornado uma malffeto. Por outro lado, ele ama Violetta, a irmã mais nova de Adelina, que também ficou doente, mas não se tornou uma malfetto. 

Numa noite terrível, Adelina é colocada numa situação que a leva ao seu limite e acaba descobrindo que tem, sim, uma habilidade: ela é uma poderosa ilusionista. Mas não tem muito tempo de aprimorar suas capacidades quando a Inquisição a prende e a sentencia à morte. A partir disso, o livro arrebenta numa sequência de revelações e acontecimentos alucinantes. Mas com ressalvas...

Já li a outra série da Marie Lu, mas como Legend é muito diferente de Jovens de Elite, é redundante comparar uma história à outra, então vou falar só sobre a escrita da Marie Lu: em alguns pontos, parece que ela regrediu. Por que eu digo isso? Enquanto Legend tinha um universo muito bem construído, havia uma clareza da época em que se passava, como as pessoas viviam e como funcionava a geografia e a tecnologia daquele universo, estamos muito perdidos em Jovens de Elite. Eu tive muita dificuldade em encontrar em que época aproximadamente a narrativa deveria se passar. Tive dificuldade para entender a geografia também, pois a autora criou cidades e países e eu não sei como eles deveriam parecer ou se localizar. Também não entendi a etnia dos personagens: a história parece se passar numa versão fantástica da Itália na época da Inquisição, mas ao invés do Deus católico existem deuses que eu acho que foram inspirados nos deuses romanos. Se estamos numa época romana, os personagens deveriam ser todos brancos de cabelos e olhos castanhos (descendentes dos gregos e europeus latinos). Mas a Adelina é descrita como tendo pele morena, mais escura do que a maior parte das pessoas, mas não deixa claro se ela é negra ou se só é bronzeada. Adelina tem como sobrenome Amouteru, um nome japonês, e dá a entender que pelo menos a família dela tem uma ancestralidade oriental por a mãe dela chamá-la de kami (loba) quando criança. Não sei se Adelina é branca, negra ou oriental. Era mais fácil entender o Day eurasiano de Legend.

Não sei por que colocar lobo e água e nuvens na capa do segundo livro se na capa do primeiro a gente só tinha umas nuvens zuadas.
Fora a Adelina, todos os demais personagens da trama são subdesenvolvidos. Mesmo os personagens secundários mais importantes, como Teren, Enzo, Raffaelle e Violetta, tem personalidades mal desenvolvidas. Os demais personagens secundários da trama mal aparecerem e são muito mal aproveitados. Eu me lembro dos nomes e habilidades de alguns, mas não guardei aparência ou personalidade de ninguém. Nem sei se esses personagens sequer tem personalidade.

Eu gostei muito da premissa da história, e principalmente, me apaixonei pela Adelina: uma personagem muito bem construída, com personalidade forte, habilidades assustadoras e com um desejo enorme de vingança. Adelina oscila entre vilã e mocinha e isso a torna muito interessante. Outro ponto forte da história foi o final, do qual gostei bastante. Fiquei tão alucinada com o final que quase pensei em dar quatro estrelas, mas os pontos fracos do livro acabaram pesando na minha decisão final, por isso dei três. 

Eu li muitas resenhas de The Rose Society e muitas pessoas que não gostaram muito do primeiro livro disseram ter amado o segundo. Vou continuar acompanhando a série, espero que a autora desenvolva melhor os personagens secundários e esclareça algumas coisas sobre sua construção de mundo na continuação. Sou muito fã de Legend e confio que Marie Lu sabe escrever boas narrativas.

Adelina, a Loba Branca.

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